terça-feira, 11 de setembro de 2007

Solstício de Verão


Meus ossos, meu corpo, como a terra sejam

Montanhas os meus seios

Grama fresca e folhagem abundante

Meus cabelos ao vento,

Pó escuro e rico, leito de lama

Semente lançando branca raiz profunda,

Tapete de folhas moldura natural

Nossa cama seja!

Pela terra que é o seu corpo,

Envie-me a sua força.

Ar, meu fôlego, brisa da manhã,

Garanhão da estrado do amanhecer,

Redemoinho, carregando todos que nas alturas planam,

Abelha e pássaro,

Doce aroma,

Lamento de tempestade,

Transporte-nos!

Pelo ar que é seu fôlego,

Envie-me sua luz.

Acenda meu coração, queime brilhante!

Meu espírito é uma chama,

Meu olhar nada perde.

Uma flama salta de nervo em nervo

Fagulha do fogo solar!

Desperta o calor replicante, deleite insuportável!

As chamas cantam, consuma-nos!

Pelo fogo que é o seu espírito,

Envie-me sua chama.

Irrigue meu útero, meu sangue,

Lave-nos, refresque-nos.

Ondas desembarcam na praia em asas brancas,

A corredeira, o sibilar, o ribombar das pedras

Enquanto a maré recua,

Esse ritmo, meu pulso,

Inunde, fonte esguichante,

Para que possamos nos derramar,

Leve-nos daqui,

Pelas águas do seu útero vivo,

Envie-me seu fluxo.

= Starhawk =

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